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quinta-feira, 26 de junho de 2008

COLUNA do ARNALDO - 23 Junho 2008

Isso é o que importa
Primeiro veio a violência, depois o caos aéreo, aí o dólar despencou e o mosquito da dengue se proliferou. Fica aquele debate sem fim para descobrir quem é o maior vilão, quem causa mais estragos. Não nos damos conta do “moto contínuo” que nos cerca, da “bola de neve” que nos envolve.

Quando a Varig quebrou já tínhamos perdido a Transbrasil e a Vasp. Se somarmos a quantidade de assentos diários que sumiram da noite para o dia, começaremos a nos dar conta da quantidade de pessoas que, mesmo que queiram, não virão ao Brasil.

Quando o dólar chegou perto dos quatro reais, sentíamo-nos a beira do caos. Não podíamos imaginar, com que rapidez, chegaria ao lado oposto, nem como são tão ruins ambos extremos.

Quem lida com exportação no Brasil, viu o país começar a bater recordes em todas as áreas e, de repente, ver as condições básicas favoráveis desaparecerem como num passe de mágica. Dificuldades, obstáculos e desafios foram colocados num mercado que não se rende.

E para quem trabalha com turismo, como essa conjuntura afeta os negócios?

Para começar é preciso que as pessoas, os políticos e o mercado financeiro brasileiro atentem para um detalhe muito importante. No turismo, diferente das outras áreas, o produto exportado não é enviado para fora do país, ele vem pra cá. Pois é, o turista brasileiro que viaja para o mundo gasta lá fora, já o turista internacional que vem ao Brasil é aquele que faz com que divisas entrem no país. Portanto é fácil perceber o quanto estamos perdendo durante todos esses anos, sem que nenhum investimento sério seja feito para que possamos crescer e competir com os principais destinos mundiais.

Se por um lado a infra-estrutura e os serviços turísticos no Brasil evoluíram muito, não é de estranhar que pelo mundo a fora eles já eram melhores e também cresceram e se aprimoraram. Dessa forma continuamos defasados. Por outro lado a verba destinada a promoção e marketing do destino Brasil, ainda é medíocre se comparada a destinos com muito menos apelo e diversidade. Numa eleição municipal o programa de governo de cidades como Rio de Janeiro, Búzios e Parati, para citar apenas três importantes destinos no estado, deveria se basear no programa de governo da sua secretaria de turismo. Uma cidade boa para se morar, certamente será boa para se visitar, e vice e versa.

O ideal de todos é uma cidade limpa e organizada. Uma cidade bonita e sinalizada.

Para que isso seja real teremos obrigatoriamente o envolvimento das secretarias de obras, de transportes e urbanismo. Melhor seria uma cidade segura e saudável, envolvendo as secretarias de segurança e saúde. Como conseqüência natural as secretarias de trabalho, administração, cultura, educação, esporte e lazer, fazenda, governo, meio ambiente, comunicação, etc., estariam se envolvendo num projeto voltado para um empreendimento onde o sucesso é garantido.

Pensar o turismo no Rio de Janeiro de forma global e levar adiante os projetos sérios que transformam essa cidade e esse estado como lugares privilegiados para se viver é pensar grande. Quando isso acontecer é sinal de que muitos possíveis delinqüentes estarão trabalhando no “trade”, é sinal de que a concorrência no setor aéreo vai ser tão grande, que os preços cairão. Mosquito vai continuar existindo, mas a conseqüência de uma picada será apenas aquela coceira incomoda. E o dólar, bem o dólar continuará sendo um tema controverso. Se o câmbio sobe muito, é sinal de que a economia vai mal, logo estamos todos mal. Se o câmbio cai demais, o mercado para. Mas se o destino é caro que seja de boa qualidade pelo menos.

Sem paternalismo, mas sem ufanismo também, o futuro ainda está em nossas mãos. Eleições se aproximam e essa é uma chance de ouro. Quem? Quem fala por mim? Quem faz por mim? Por enquanto eu mesmo! Trabalhando.

E só. Isso é o que importa!

Arnaldo Bichucher – 23 Junho 2008.

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