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quinta-feira, 23 de julho de 2009

Coluna do Arnaldo: Turbulência x Calmaria - Julho 2009



TURBULÊNCIA X CALMARIA
Confesso que demorei a escrever. Por vários motivos, mas o principal é que eu realmente andei meio confuso com tudo o que anda acontecendo por aí. É o Obama, é a crise, é a gripe, não é o porco. É o facebook, é o twitter, é o wi-fi e o wireless. É o Ronaldo, é o imperador, é o tambor, é a corneta, é a África, é a Copa. É CAMPEÃO!!!

O mundo realmente precisa ser repensado, começar de novo.
E no meio desse turbilhão, o turismo, o turista e todos os personagens que fazem essa atividade ser tão apaixonante.

Em nome de interesses individuais e egoístas do ponto de vista humanitário, esquece-se das necessidades básicas de um ser humano para ser feliz. Dentre elas está o viajar, conhecer, trocar, integrar e construir um mundo verdadeiramente globalizado, no bom sentido.

Não nos serve de consolo, mas de alerta, a situação que outros países estão passando quando se trata do turismo receptivo. Imagine Cancún e outros balneários mexicanos. Quantos bares, restaurantes, hotéis, agências, guias; quebraram, fecharam, mudaram de ramo?
Com o alerta das autoridades brasileiras de saúde quanto aos cuidados com as viagens a Argentina e ao Chile, um efeito dominó pode arruinar muita gente e muita empresa. As viagens pré pagas por brasileiros para Bariloche, por exemplo, estão sendo canceladas aos montes. O problema é que a hotelaria local não quer devolver o dinheiro para as agências, que devem acabar arcando com o prejuízo. Quantas poderão continuar existindo, depois de reembolsar seus clientes com seus próprios recursos?

Enquanto aqui estamos sofrendo as conseqüências de uma das mais duras baixas-temporadas da história do turismo receptivo do Rio de Janeiro, em alguns países onde está começando a alta-temporada de inverno , o movimento também não decolou. Movimento há, mas nada comprável com os anos anteriores.

Então o que fazer?

Resistir. Essa é a minha opinião.

Mas uma das maneiras de resistir é estar sempre antenado, atento a tudo e a todos. Cada passo tem que ser muito bem calculado e planejado. Cada vez mais somos sujeitos de nosso próprio destino, é o velho chavão “Depende de nós”. São momentos como o que estamos vivendo que nos trazem também oportunidades, possibilidades. Temos que nos reciclar, reciclar nossos pensamentos e ideais, só assim poderemos seguir em frente. Mexe daqui, mexe dali e no final tudo vai se ajeitando.

No mais temos que torcer para a crise passar, a gripe curar e agosto chegar.
ARNALDO BICHUCHER - Julho 2009

segunda-feira, 13 de julho de 2009

CONHEÇA MAIS A LAURINDA, PARTE DA HISTÓRIA DE SANTA TERESA

LAURINDA SANTOS LOBO

Nasce em Cuiabá aos 4 de maio de 1878. Órfã de pai, a figura paterna da menina seria o tio Francisco Murtinho, quem sustentava a irmã, mãe de Laurinda. Se fala que teve criação em Paris, mas não foi provado. Aos 16 anos vai morar a Santa Teresa. Ao morrer Joaquim Murtinho e, 1911, Laurinda abre seu salão no palacete Murtinho, e herda a companhia Mate-Laranjeira. Era considerada pela sociedade como uma mulher muito elegante, como “uma verdadeira parisiense de Saint-Germaine”. Foi chamada “A Marechala da Elegância”. Mas.. algumas contemporâneas não pensavam o mesmo, dizendo que ela “pecava pelo excesso, com certa falta de gosto ou de discrição. Os vestidos de Paris, podiam encaixar bem nos encontros no salão, mas ás vezes eram mais apropriados aos palcos”. Mas ninguém podia negar que era mulher de sucesso mundano no Rio de Janeiro. Laurinda morre em 1946, e morre com ela uma época onde ela foi protagonista

Curiosidades
Ela viajava com a mão, o motorista e um cachorrinho. Usava três Chryslers: 8665, 3328 e 3595, quando em Santa Teresa ninguém tinha carro. Mas ela andava também de bonde.

Organizava bailes, encontros “intelectuais” com músicos, poetas, e ajudava a muitos deles. Seu aniversário era todo um evento em santa Teresa. Dois presidentes participavam dos encontros: Nilo Peçanha e Epitácio Pessoa.

A poeta e declamadora Margarida Lopes de Almeida participava no salão de Laurinda, e foi a mulher, que segundo alguns historiadores, imortalizou suas mãos quando assistiu o escultor do Cristo Redentor Maximilien Paul Landowsky, quem copiou estas para o Cristo.

Ela tinha apartamento em Paris, 9 Place de la Madeleine, e passava dois meses entre Outubro e Abril, e continuava o Salão em França, recebendo brasileiros e franceses.
O Salão de Laurinda foi durante a década de 20 um ponto de encontro do Modernismo. Ela deu lugar a pessoas consideradas pela alta sociedade de “vulgares”, e é lembrado o momento quando Silvio Caldas tocou violão, para alguns, um escândalo.

Villa-lobos foi um dos protegidos dos anos 1920. Laurinda foi quem levantou a verba que permitiu projetar o músico na capital francesa, em 1924

Ela não era tão cultivada em arte, mas vibrava com o que ela gostava. Assim foi com o quadro O Ovo de Trasila de Amaral. Ela perguntou: Mas eu quero que você me explique, eu gosto de entender; eu sou zebra em questões de pintura moderna. Eu só entendo assim aquilo que é muito óbvio. O que quer dizer esse pauzinho, essa cobrinha, o ovo de cabeça para baixo? – Ah! Dona Laurinda... eu primeiro pintei o pauzinho, ficou muito vazio, ai eu pintei a cobrinha subindo pelo pau, ainda estava vazio. Ai eu pintei o ovo.... – Mas o que quer dizer? – Nada... Ela não falou nada, e comprou um quadro que ela achou mais decorativo.

O marido de Laurinda, Hermenegildo, era uma imagem ofuscada pelo brilho da mulher. Sempre foi reduzido ao estereotipo de marido traído. Mas, na realidade, o casamento “aberto” dos Santos Lobo hoje talvez não despertasse tanto escândalo. Hermenegildo morre em 1941.

Laurinda herdou do tio o amor pelos cães. Ela cuida os cachorros do tio depois da morte deste, e terá seus próprios animais de estimação. Foram conhecidas duas cachorrinhas típicas de madame, Pupée e Chinita.

Durante a guerra o salão teve muitos menos encontros, e ela se dedicou mais aos negócios, ajudada pelo marido. Mas depois da morte deste ela assume por uns meses, mas logo entrega para um sobrinho, Amauri Santos Lobo, ela dizia “Eu não agüento, todo com hora marcada de chegar!”.

Ao morrer Laurinda continua na casa a mãe, Leonor, e o marido desta Francisco Guimarçaes. A mãe da Laurinda, morre com 92 anos (1960), e Francisco no ano seguinte.Antes de sua morte começa o surpreendente processo do espólio de dona Laurinda; A posse da mansão só será concedida ao Instituto Hahnemanniano em 1965. Durante oito anos a casa ficou abandonada. Como não havia vigia, a casa foi arrombada e os saques começaram. Até de caminhão levaram os móveis! Depois foi ocupada por “uma comunidade de baixa renda” e nos anos ´80 pelo narcotráfico. Em 1979 a prefeitura do Rio assina o decreto de desapropriação da casa, e a implantação de um parque público. Em 1993 se oficializa o Parque das Ruínas

Fonte: Laurinda Santos Lobo, mecenas, artistas e outros marginais em Santa Teresa. Hilda machado – Casa da Palavra, 2002.


Centro Cultural Laurinda Santos Lobo


Este centro cultural foi ativado em 1979, numa admirável casa do bairro. Possui uma sala de vídeo, três salas de exposições, auditório e um acervo fotográfico referente a Laurinda Santos Lobo. Laurinda foi uma mulher especial, que deu a Santa Teresa vida e graça no início do século passado com seus saraus, onde prontificavam expoentes da vida cultural internacional como, por exemplo, Villa-Lobos e Isadora Duncan.
Rua Monte Alegre, 306.2242-9741 De terça a sexta, das 10h às 18h e sábado e domingo, das 14h às 18h.

GERARDO MILLONE
PESQUISA


2009