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domingo, 21 de novembro de 2010

Antonio: um garçom de outros tempos e de hoje também, no Corcovado.

clip_image002O primeiro que escuto quando lhe agradeço o trato gentil, é “Você é Guia, e é tratado bem, como merece, porque estamos em um lugar que os guias mostram”. Que beleza! Mas a frase não foi de um colega, um turista ou de alguém de uma agência, e sim de Antônio Brito, como está escrito na identificação do colete, ou como ele corrige “Antonio Gomes de Brito”, o nome completo.

Antonio, ágil, anda de mesa em mesa baixo o sol, com vento e até com chuva, no restaurante do Corcovado. Confessa logo que apesar de parecer muito mais velho, conta com 60 anos, mas que era “farrista” de jovem, e só agora esta tentando cuidar da saúde. É só olhar para o panorama com ele e aparecem favelas na Lagoa, desaparecem viadutos e o verde da cidade cresce na memória deste piauense que começou a trabalhar no Corcovado em 1974, com 24 anos. “Eu cheguei a Rio em 72, e trabalhei no Restaurante Silvestre, até que Ibama apertou e o lugar fechou”. Ele viu como cresceu a “favelinha”, hoje maior, na entrada do Parque.

E quando acabou a farra juvenil? Quando os filhos cresceram, duas meninas hoje com 28 e 26 e o garoto de 22. Todos em São Gonçalo, onde ele ainda mora.
“Brito da quinta geração” comenta com orgulho. E garçom com 28 anos de experiência, 26 no Corcovado. Lembra com respeito a Floriano Gonçalves, o falecido proprietário, e fala com sincero carinho da Magda Gonçalves, filha do Floriano e atual dona do lugar.

E a saúde? Uma luta demorada! Esta aguardando atenção especial no Hospital da Lagoa há quatro anos, pois acumula uma “diabetes emocional” (?!) e uma hemorragia que deixou o olho direito sem visão; “Já dormi 21 dias sentado por causa do olho, nem sei se dormia o esperava o amanhecer”.
 
Não faltam histórias e estórias para contar. Mas a favorita, foi uma aposta que fez a um gerente “amigo” (para um garçom profissional todos devem ser amigos!) quando Brizola foi candidato, se Leonel ganhava, ele poderia folgar sábados e domingos por 2 anos. E ganhou! “Mas a última folga foi um ano depois, pois cheguei na segunda e fui informado do falecimento do gerente. Morto o apostador, morta a aposta, então voltei a folgar as Sextas até hoje”.

Antonio não consegue evitar sentir pena quando as nuvens cobrem o visual e o monumento, e presta atenção quando o tempo muda e os turistas sobem e descem com câmaras e um astral melhor para celebrar com café, suco ou cerveja. A cerveja... prazer que não evita apesar de saber que o álcool é amigo da glicose.

Tem muito mais para contar. Você quer saber mais? Não vá no Google não! Vá na laje do Corcovado que a velocidade de informação é garantida e se espalha entre sombreiros verdes, pula a beleza da floresta e da cidade, e traz um ar de nostalgia de “garçom-estrela” de tempos passados, aqueles que sabem servir, conversar, acompanhar e calar se for necessário. Mas não deixar a Antonio falar é um verdadeiro desperdiço.
Gerardo Millone – 20 de Novembro de 2010.

domingo, 14 de novembro de 2010

Alegria na Favela Continua e Cresce.

Hoje, 14 de Novembro, foi mais um encontro na quadra da Escola de Samba ALEGRIA DA ZONA SUL para ver o show “Alegria na Favela” produzido pelo grupo Rio Arte Popular, com coordenação da Guia Silvia Perrone e participação da comunidade onde se destaca o Roberto Cabral, Bebeto, Vice-presidente Esporte, Lazer e Turismo.

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Jogo de futebol.

Mas o encontro de hoje foi muito mais completo: o grupo antes do show teve jogo de futebol com um grupo da comunidade.

As ofertas deste opcional são cada vez maiores, existindo possibilidade de visita à comunidade, show, trilha, capoeira, realização de eventos de deportes ou gastronômicos, sempre com inter-ação com pessoas da comunidade.

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Caminhando na Comunidade.

Acompanhando o perfil do grupo e o orçamento a ser investido, se procura sempre ter contato direto com moradores do Cantagalo.

Hoje, como canja extra, o grupo caminhou até a entrada do projeto Criança Esperança para poder ver uma incrível vista da Lagoa Rodrigo de Freitas e o Corcovado com a estatua do Cristo Redentor.

Este opcional esta crescendo, e o objetivo para 2011 é ter o show e a visita funcionando vários dias da semana.

É só ver as fotos e perceber que é um opcional que gosta, e muito, aos visitantes.

Os contatos são com a Silvia Perrone no telefone 7877-5209.

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Coreografia moderna e estilosa.

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Silvia na quadra de futebol.

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Vista do Corcovado e a Lagoa.

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Grupo de dançarinos-músicos de qualidade.

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Festa final com integração do grupo.

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Aula de Samba grupal com os dançarinos.

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Os dois times no fim do jogo de futebol.

LOGO O Guia Legal-300-LISA  faz parte deste trabalho!

sábado, 6 de novembro de 2010

Será que existe Guia que não conhece a Joseni?

Foi na última quinta-feira, pela segunda vez perguntei, com algo de vergonha, seu nome, reconhecendo uma enorme falta não lembrar, e ter falado poucas vezes com ela. Ela, séria, tranqüila, simples, parou de conversar com a companheira de trabalho, e encostada no balcão de souvenirs de Plataforma me respondeu: “JOSENI”, assim, sem agregar nada mais.

Fiquei curioso de saber mais, e ela, entrando na entrevista com respostas breves mas tão calmas como parece ser sua pessoa, foi me respondendo cada uma, e se apresentando em cada frase como alguém que gosta do que faz.

JOSENI FRANCISCA DAS NEVES nasceu na Paraíba, mas veio a Rio com 5 irmãos em 1974 com dois anos de idade. Não precisei fazer as contas, ela responde firme e sem duvidar um segundo: “tenho 38 anos, e já são 12 anos que trabalho no palco de Plataforma”.

“Descanso? Nãoooo, agora só Domingo, mas aproveito a fazer embaixadinhas na orla de Copacabana ou em casa”. Comenta feliz que a sobrinha de 2 anos está aprendendo com ela, e garante o talento da menina. “Eu já di pequenina, desde os 7 anos, que estou fazendo embaixadinhas, e nunca parei, minha mãe deixou”. E por que só na Plataforma? “Bom... Já fui a Faustão, e muitas vezes abri jogos de Flamengo no Maracanã... Mas um pagou pouco e os outros nada”.

Na Paraíba ficaram uns tios, que visitou laaaá....no mato. “Oportunidades? Uma vez conheci a Milene e ela falou: vou te apresentar a meu agente; só falou, apresentou nada! Mas sempre aparece algo”. Ela lembra com orgulho que já fez 7000 embaixadas, e 500 só com a cabeça, mas o pescoço e o corpo ficaram duriiiinho um bom tempo. E caminhando, fez da Alvorada até Barra sem deixar a bola tocar o chão. Não consegui medir esse trajeto mas não duvido que foi muito, e que esse foi um desafio particular sem palco no pré-inicio de um show.

Porque a Joseni segura muita coisa mas que a bola no ar. Ela segura o tempo que nossos PAX têm que esperar quando nós, agoniados pela falta de lugar marcado chegamos muito antes a Plataforma, sabendo que a espera será menos chata porque esta “para-carioca” estará dando um banho de profissionalismo, e “distraindo” a espera e, tal vez, o reclamo de um turista impaciente.

É isso ai, nós Guias vivemos devendo algo a JOSENI, chamada carinhosamente pelos colegas de BAIXINHA ou MARIA DA BOLA. Mas eu gosto do nome dela, do nome completo, quase artístico incluindo algo que o Brasil tem pouco e nada: Neves!. Ela é uma mulher que pesa 40 quilos que criam uma aparência de menina; ela tem jeito de menina e fala com uma tranqüila paixão do que faz, sabendo que é esse o talento que divide com todos.

Se o agente da Milene não ligou, é bom que nós, Guias de Turismo “liguemos” com a sua existência, parte da nossa vida em horas de espera, quando ela não deixa a bola cair antes do show, reparte as fotos e leva recados ao apresentador. JOSENI faz tudo direitinho, e é mais uma pessoa que completa nossa jornada de trabalho e ajuda para que esta seja melhor.

GERARDO MILLONE – 6 de Novembro de 2010.