Esta novidade deixará aos Guias de navios com muitas saudades do espaço confortável do embarque, onde será feito o museu. O Espaço é o mesmo que se pensou para o Guggenheim. A música do dia da inauguração deveria ser "O que será o amanhã". Se este projeto e tantos outros dará certo, "responda quem poder...".
GERARDO MILLONE – Junho 2010.
Arquiteto espanhol afirma que Museu do Amanhã será construído com material reciclável
O arquiteto espanhol Santiago Calatrava, ao lado do governador Sérgio Cabral e do prefeito Eduardo Paes, apresentou, na tarde desta segunda-feira, o projeto arquitetônico do Museu do Amanhã, que será erguido no Píer Mauá, sendo uma das principais peças do plano de revitalização da Zona Portuária. O arquiteto contou que o museu será construído todo com material reciclável.
Baía de Guanabara, Morro da Conceição, Mosteiro de São Bento e Vista Chinesa são alguns dos locais que inspiraram o projeto do museu. As obras estão previstas para serem concluídas no segundo semestre de 2012.
Calatrava é considerado um dos maiores arquitetos da atualidade. Seus trabalhos são inspirados na natureza, marcados por elementos assimétricos e soluções móveis e dinâmicas. Entre suas obras mais famosas estão a Cidade das Artes e das Ciências em Valência, na Espanha; o Museu de Arte de Milwaukee, nos Estados Unidos; a Estação do Oriente, em Lisboa; a Torre de Montjuïc, em Barcelona; o Complexo Olímpico de Atenas e a Estação Ferroviária do Aeroporto de Lyon, na França.
Redação SRZD | Rio+ |
Santiago Calatrava apresenta no Rio o Museu do Amanhã
O projeto arquitetônico considera que, no futuro, a zona portuária estará livre do Elevado da Perimetral (Foto: Divulgação)
Em uma apresentação com características de espetáculo, marca registrada do arquiteto espanhol Santiago Calatrava, a prefeitura do Rio apresentou oficialmente, na tarde desta segunda-feira, o museu que promete ser um novo marco arquitetônico da cidade. O Museu do Amanhã, com previsão de inauguração no segundo semestre de 2012, ocupará 12,5 mil metros quadrados do Píer Mauá com um espaço dedicado ao conhecimento, às questões do homem moderno e, claro, ao futuro. A 'casca' do projeto não poderia ser mais futurista: Calatrava inspirou-se no movimento das plantas para criar uma estrutura que se abre para permitir a entrada de luminosidade no prédio, que, entre outras inovações, promete também estar à frente de seu tempo em matéria de sustentabilidade.
O show foi comandado pelo apresentador do 'Fantástico', da TV Globo, Zeca Camargo, escolhido para o papel de mestre-de-cerimônia no Armazém 2 do Porto. A Fundação Roberto Marinho é parceira do município no projeto, que tem custo estimado de 130 milhões de reais. Calatrava deu seu espetáculo, esboçando traços em uma aquarela enquanto falava para o público. Mas não deixou de se render à paisagem do Rio. "Morro do São Bento, Jardim Botânico, Jardins do Burle Marx, Confeitaria Colombo, Passarela do Samba e tantos outros pontos. Estou há alguns meses estudando a cidade, sua arquitetura e natureza belíssimas para conceber um projeto arquitetônico que traduza tudo isso", disse ele.
Para receber este nome, obviamente o Museu do Amanhã não se dedica ao passado. O texto de apresentação do projeto detalha o percurso que os visitantes farão pelo corpo da 'lagarta' que começará a ser moldada em 2011 sobre o píer. O passeio começa pelo Atrium de Hoje, dedicado ao estado atual do conhecimento e da humanidade. Em seguida, passa-se à Travessia das Perguntas. Depois, por uma "espiral cósmica", começa uma viagem da Terra em direção às galáxias, mergulhando no interior dos átomos. Neste ponto, haverá uma estrutura semelhante à dos planetários. A última parte é dedicada à Estação do Clima, ao Porto das Origens - sobre desenvolvimento da vida e crescimento das populações -, à Praça do Agora e à Plataforma do Futuro - estas últimas sobre integração econômica e diversidade.
Descontada a semelhança que, no estágio atual, o projeto tem com os enredos de escola de samba, tudo leva a crer que o Museu do Amanhã proporcionará ao público uma experiência, no mínimo, bem diferente da que se tem nos museus disponíveis hoje no Rio. O projeto arquitetônico, assim como todas as estruturas concebidas para o chamado Porto Maravilha, considera que, no futuro, a zona portuária estará livre do Elevado da Perimetral. Esse monstro de concreto que se estende da Praça Quinze, onde fica o Paço Imperial, até a Praça Mauá, onde se localiza o porto, prejudica a vista do Centro da cidade que se poderia ter a partir da área revitalizada.
Calatrava manifestou seu desejo de ver o viaduto no chão. "A Perimetral não inviabiliza o museu, mas sem ela é que se tem a real integração do museu com a Praça Mauá e a natureza", defendeu ele.
Para a Prefeitura, porém, isso ainda vai demorar a acontecer: "Demolir a Perimetral é mole. Difícil é construir o túnel que será a opção de caminho. Estamos falando de 1 bilhão de reais só para a demolição da Perimetral. E esses recursos ainda não estão viabilizados. Não viemos aqui prometer essa demolição mas espero que em breve ela esteja longe das nossas vistas", disse Paes. O prefeito evitou cravar uma data para por abaixo a Perimetral, mas o secretário municipal de Desenvolvimento e presidente do Instituto Pereira Passos, Felipe Góes, estimou o início da derrubada para 2013 - ou seja, depois da inauguração do Museu do Amanhã.
21 de junho de 2010
Por Dani Telles - VEJA RIO